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15.3.06

Preconceitos da nossa sociedade

Esta história já me anda a irritar embora ainda me faça rir. Se um dia me passo, sai uma resposta "à ruxa" mas, por enquanto, ainda vou achando graça.

Dizer que tenho uma sorte do caraças por ter o marido que tenho, que me ajuda na lida da casa, que faz umas refeições dos Deuses e que sabe sempre o que temos e o que faz falta na dispensa é um pouco contraditório face à minha maneira de ver uma vida em comum mas, perante o que tenho vivido, tem que ser dito. Tenho mesmo um marido como não há muitos mas isso é consequência da educação que tivémos e das regras de convivência que temos. Afinal de contas, trabalhamos os dois fora de casa e há que dividir tarefas. Não sou só eu que sujo a casa nem a roupa.

Não são raras as vezes em que, em conversa ao telefone com a minha mãe, ela se sai com um "coitadinho" quando lhe digo que ele limpou a casa.
Mas coitadinho porquê??? Porque ele vai trabalhar todas as noites durante cerca de 6 horas e ao fim-de-semana trabalha o dobro que durante a semana?
Então e eu? Quando passo a ferro 2 e 3 horas seguidas depois de um dia de 8, 9 ou 10 horas a trabalhar (como é frequente acontecer), não sou coitadinha???
Vindo da minha mãe que sempre teve mulher-a-dias em casa (o que nunca invalidou que também trabalhasse bem naquela casa), não me espanta que o ache coitadinho. Eu tenho que levantar as mãos ao céu pela sorte que tive!
Tenho, sei que tenho. Mas também ele o tem que fazer já que detesto passar camisas mas faço-o porque sei que ele gosta de as vestir.

Pormenores aparte, o que me levou a escrever este post foi mesmo o comentário da minha vizinha, com 92 ou 93 anos, quando, ao vê-lo a estender a roupa esta semana, também acha que eu sou uma mulher de sorte e que não há muitos homens assim!
"Arre porra" que é demais!!!
Se ele não fosse diferente, jamais casaria com ele!

Desengane-se quem assim pensa. Eu sou uma mulher de sorte porque amo e sou amada por um homem que sabe o que custa levantar cedo da cama, trabalhar um dia inteiro, chegar a casa, tratar de uma criança e fazer o que ele não gosta e que me cabe a mim.

Além do mais, o ramo da hotelaria, que ele tanto gosta, implica muitas das tarefas que a gestão de uma casa também implica. Logo, não lhe custa tanto assim.

Mas será que a sociedade não ultrapassa o preconceito das tarefas domésticas???

Hello!!! Estamos no Século XXI - já deram por isso?