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31.5.06

Violência sobre as crianças

Agrada-me saber que a revisão do Código Penal está em curso e com especial ênfase na violência sobre as crianças. E depois de ler os dados revelados pela APAV, ainda mais agradeço que o façam rapidamente!
Como Mãe, e acima de tudo como Ser Humano, choca-me imenso a quantidade de notícias que nos entram pela vida dentro reportando casos de violência, por mais ínfima que seja, em crianças.
Naturalmente que, volta e meia, lá o Indio ouve uma "cantiga dos 5 dedos", se bem que já começa a doer-me mais a mim cada palmada no rabo que ele leva do que propriamente a ele...
Passar disso é que já não me cabe cá no estreito e até os castigos me fazem, ainda, muita confusão. Que me lembre, até hoje, só mandei o Bruno para o quarto dele (onde não há nem tv nem pc) e não me aguentei mais que meia-hora sem ir lá dar-lhe miminhos e conversar. É preciso que ele se estique mesmo muito para que eu lhe eleve a voz. Reprimendas e "puto, isto assim não pode ser" é a toda a hora que aquele Indio só faz mesmo o que lhe dá na telha. É Touro e basta!
Não consigo conceber a ideia de viver num clima de atrito com o meu filho, como eu vivi com a minha mãe. Tenho sempre aquela sensação que, para castigo, já basta ter um pai que pouco lhe liga e uma mãe que não é, nem de longe nem de perto, a melhor das educadoras.
Todo este desabafo porque me lembrei de lançar para o ar a questão de pais iguais ao do Indio. Ainda não tive estofo para pedir o Poder Paternal. Até esta porra desta expressão me irrita. Se sou mãe e sou eu que arco com tudo o que diz respeito ao nosso filho, eu não deveria requerer o Poder Maternal? Enfim...
De nada me adianta requerer o dito Poder porque já sou eu que o exerço e não é uma Ordem do Tribunal que vai obrigar o pai a vir ver o filho mais vezes. Continuo a achar que deve ser uma vontade própria e não uma obrigação legal. Para não falar que a bela da "pensão" é caso para esquecer já que o mocinho trabalha quando lhe apetece e é tudo "pela porta do cavalo". Mais uma vez, entra a vontade própria e essa é ainda menor que a vontade de estar com o filho, para não dizer nula!
Em resumo, a questão que se me levantou foi se vale ou não a pena "criminalizar" o desprezo que certos pais dão às suas crias...
Claro que não estou a falar de um crime punível com não sei quanto tempo de cadeia ou cena parecida, mas sim de criar um sistema que os fizesse entender que um filho precisa de um pai nem que seja num mísero telefonema por dia. "Punições" a um nível social, como passar algum tempo com crianças orfãs e verdadeiramente necessitadas de amor e carinho para que sintam em dobro o sofrimento que imprimem ao seu próprio filho, talvez não fossem mal pensadas...
Custa-me um bocado absorver a ideia que posso ser punida por ter castigado o meu filho com o "quarto escuro" e ninguém punir o pai dele por passar meses sem sequer lhe telefonar.
São situações ambíguas e dificeis de "classificar" mas que são reais e que nos traumatizam.
Definitivamente, não queria estar na pele de quem tem que classificar estes "crimes" mas agradeço imenso que haja quem não pense como eu e tenha a coragem de assumir esse "fardo"!